Falei de você na terapia— nem uma, nem duas… mas muitas vezes. Falei dessa obsessão sem sentido nenhum.
Falei de você, mas nem tive coragem de contar tudo.
De contar que abaixo o volume da TV pra escutar seus passos.
De quando acordo antes das 7 e fico em silêncio pra tentar te escutar vivendo.
Que às vezes fico olhando pro teto e imaginando como você está deitado em cima de mim.
De como me esforço, quase caindo da cama, pra conseguir ver sua varanda e saber se você já chegou do trabalho.
De como eu luto, de hora em hora, contra a vontade de te mandar uma mensagem, falando uma bobagem qualquer.
De como tenho usado meus pensamentos obsessivos como remédio pra dormir — porque me perco todas as noites nas mesmas fantasias, cada dia em um ângulo, um motivo… uma roupagem diferente.
Não contei de quando eu fiz dez pessoas se virarem contra uma pessoa por quem senti ciúmes dela com você. E não parei até ninguém mais conversar com ela — e a acharem a mais maluca de todas. O que não é mentira, mas eu não tô agindo de forma tão diferente assim.
A gente não tem nada a ver, mas eu tô me moldando pra começar a ter. Não é absurdo?
Só conheço um recorte de você, só vejo o que quero ver — e mesmo sabendo de tudo isso, eu ignoro e continuo a minha obsessão. Obstinação. Sei lá.
É horrível, mas é tão bom sentir.
Sentir de novo.
Sentir a Larissa de 20 anos, rindo meio envergonhada, da Larissa de 33 sentindo essas maluquices outra vez.
Talvez eu só queira isso: não conseguir.
Porque depois que eu consigo, perde a graça — a obsessão vira apatia.
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